Imagine o contexto do início do século passado no entorno da Primeira Guerra: violência, morte, epidemia, trauma de guerra. Aquela Europa, o grande exemplo de desenvolvimento, ciência, progresso, racionalidade estava completamente destruída, marginalizada. Entender o contexto é uma questão chave no entendimento das grandes mudanças que se instauraram na sociedade, e sobretudo na arte.
A partir dele fica mais fácil entender a arte de Marcel Duchamp, sua grande contribuição e influência no meio artístico. Duchamp inovou completamente com as obras que ele nomeou ready-made: objetos que ele comprava e designava como arte. Aos poucos, no início do século XX, ele desenvolveu as bases para o movimento artístico de grande difusão internacional da década de 1960, a arte conceitual. Seu primeiro ready-made foi a “roda de bicicleta”, a qual ilustra essa nova maneira de sentir, ordenar e compreender a realidade instaurada a partir da Primeira Guerra: uma obra em que a roda não serve para andar e nem o banco para sentar. Ele instaura a arte como idéia, em detrimento da representação do belo, que perdera todo o sentido.
Com os ready-made, Duchamp pedia aos observadores que pensassem no que definia então a singularidade da obra de arte frente à multiplicidade dos outros objetos. Ele endossa assim o pensamento de Theodor Adorno acerca da teoria estética: “Hoje aceitamos sem discussão que, em arte, nada pode ser entendido sem discutir e, muito menos, sem pensar”

Nenhum comentário:
Postar um comentário